domingo, 14 de outubro de 2007

Ao mestre, com carinho (ou não)

Lembrando que amanhã é o "dia dos professores", trago este post.

Estou num curso de formação de professores. E, em meio as discussões, veio a inevitável pergunta: "Quem é, para vocês, um professor inesquecível?". E, aqui com vocês, respondo-a e também lhes convido à mesma reflexão.

Contabilizando quase vinte anos de estudo, não foram poucos os professores por quem passei. E, com eles, uma série de aprendizados tive; não só como aluna, mas, vide suas posturas, como pessoa e profissional que sou. Assim, ao ouvir a pergunta acima me remeti a duas figuras singulares do terceiro ano do antigo "Segundo Grau", atual "Ensino Médio". Em tempo: de uma grande escola pública. Um professor de Física e outro de Química (duas áreas que não me atraem, apesar de reconhecer sua necessidade).

O professor de Física, sem saber me impôs um desafio logo no seu primeiro dia de aula: passar no vestibular. Chegou até nós, alunos, discursando sobre as fragilidades do ensino público e sua impotência frente ao preparo dos alunos para processos seletivos para universidades públicas (lê-se: vestibulares. Continuou atirando na lama o ensino público, a qualidade dos professores, ignorando a parte que compete ao aluno e, então, começou a distribuir panfletos do cursinho pré-vestibular (privado) do qual era sócio. Esse homem pisou no meu orgulho (e, quem me conhece bem, sabe que ele é grande) e foi um dos maiores incentivos a me fazer estudar ainda mais naquele ano. Ganhou muitos alunos, sim, da nossa turma e de outras, para seu cursinho (ele era tão "generoso" que conseguia descontos!). Não eu. Primeiro, porque eu não tinha condição de pagar por um. Segundo que, se tivesse, jamais me matricularia no dele. As aulas dele durante o ano? Regulares.

Mesmo ano. Outro professor. Jovem, comprometido, descontraído. Ele chegou com uma fala de rigidez militar, demarcando os limites de suas aulas, discutindo o que competia a quem (ele, professor e nós, alunos). Mas, aos poucos, foi mostrando a pessoa acessível que era. Nos tratava com respeito, não nos desmerecia, nos incentivava. Sabia que ali, muitos não poderiam cursar um pré-vestibular, mas se disponibilizou a sentar conosco em algumas manhãs de sábado para fazer "aulões" de revisão do conteúdo na véspera do tal processo seletivo. Sem cobrar por isso. Sua cobrança acontecia no dia-a-dia, exatamente de acordo com a qualididade do ensino que nos oferecia. Com ele, Química não parecia difícil. E nem eu parecia uma incompetente (como outros gostariam de fazer me sentir). Organizava suas provas no sistema do vestibular, pois acreditava que só assim nos familiarizaríamos com o sistema. Foi o melhor rendimento que eu tive no vestiba: em Química. No último dia de aula ele nos entregou uma linda mensagem nos incentivando a prosseguir. E, depois de ver meu nome na lista dos aprovados, ainda recebi um telefonema seu. Dá prá esquecer de alguém assim?

Ambos os professores prestaram, à sua maneira, sua contribuição para mim. Ambos me incentivaram. E ambos são modelos em minha prática profissional: do que eu não quero ser e do que eu espero, a cada dia, me aproximar.

2 comentários:

Carol Maria disse...

Aninha, ótimo post.

Tenho professores marcantes sim, a melhor, sem dúvida, foi uma de História que me deu aulas da 5ª. série ao 3º. colegial, que depois de anos professora resolveu fazer Direito e compartilhava suas aventuras de estágio com a gente, e também, em escola pública, era uma das únicas que todos os estudantes escutavam com atenção e respeito, porque ela nos respeitava (também me ensinou que a palavra aluno do latim "sem luz" - ou seja, sem inteligência - é pejorativa, por isso preferia a palavra estudante, que hoje eu uso para os "meus"). Outra também, de História, Filosofia e Sociologia, mulher endurecida pela vida de luta como professora apaixonada pelo que ensina mas que enfrentou muitos obstáculos para chegar lá. Ensinou-me que uma boa dissertação clara, sem firulas é o melhor para expor seu ponto de vista (e me mostrou isso dando 2, 5 em trabalhos escritos que valiam 20, até que captei a mensagem e passei a gabaritar todos). Hoje, do lado de cá, percebo o quão estressante e frustrante é ser professor, claro que é recompensador olhar para os estudantes e ver o conhecimento entrando, como uma lampadinha que se acende de repente com algo que ensinei e que eles gostaram de aprender. Recuso-me a ser chamada de 'profesora' ou 'maestra', já que não tenho estudo pesagógico, ainda, só a paixão de estar na sala de aula (paixão surgida quando estudante) e paixão pelo que ensino (hoje reconheço que sou mais fluente em espanhol que em português, já que nunca me dediquei a estudar português como fiz com espanhol, todos os dias, durante anos seguidos). E ensinar é aprender duas, três, vinte vezes, uma delícia quase total. :*as

Ggel disse...

Aninha querida, patinei na maizena...rs. Lembrei de muitas, muitas coisas e ótimos professores. Tive a sorte de estudar na escola pública enquanto ela ainda era boa e tinha professores competentes e com muita vontade de ensinar, paixão mesmo. MInha professora preferida no primeiro grau era a Dona Ana Maria, de português, uma fofa. Mas a De História me adorava, D. Ester. Tinha também o professor substituto de geografia, Nelson ou como eu folgadamente chamava: professor NelNel. Ah, não posso esquecer do professor pimentão, da Educação física...rs. Puxa, eu acho que adorava a maioria dos meus professores, pelo menos do primeiro grau. NO segundo tudo ficou mais complicado. Enfim, boas lembranças que seu post me deu :)
Beijo