É chover no molhado dizer que o filme é bom (ótimo, perfeito também são adjetivos que encaixam bem).
Depois do "Batman" de Tim Burton eu estava custando a gostar dos outros filmes do personagem que se seguiram. Aí veio "Batman begins" que fez a molecada entender de onde vinha a fixação de Bruce Wayne por morcegos e toda sua força e conhecimento de artes marciais e tecnologias. Filme enxuto que conseguiu dar uma origem cinematográfica pro Morcegão que os leitores da HQ já conheciam e ficavam fulos com a falta de conhecimento da galera que fazia e assistia aos filmes da série.
Assim como "Hulk" de Ang Lee (que eu adoro, acho o filme de um primor e cuidado com o personagem que poucos diretores têm com estórias já tão conhecidas do público em outras mídias ao rodá-las em película; sem contar que ele foi muito feliz em usar quadrinhos (!) para diagramar o filme. Enfim.), "Batman begins" precisava ser feito para que as pessoas entendessem de onde o personagem vem, já que são poucos os cinéfilos e espectadores que iriam atrás da origem do personagem (isso quando galera não ignora que muitos dos filmes-pipocas da última década são quase todos originados em HQ's...).
"O cavaleiro das trevas" veio para solidificar o que Bruce Wayne tem de fazer por Gotham City (e é sempre válido destacar que Batman é um dos únicos personagens solo de HQ's que não tem super-poderes e que não vive numa cidade de verdade, como Homem-Aranha em NY, por exemplo). O filme ainda se presta a explicar como a relação do Homem Morcego chega ao ponto que chega no filme supracitado de Tim Burton, o primeirão.
Confesso que fiquei um pouco perdida com a morte de um certo personagem do filme, porque era minhas esperanças para outro confronto dos bons no próximo filme, mas também já sei que em se tratando de HQ's (e da mente privilegiada de Christopher Nolan - para entender porque assista a "Memento"), fico tranqüila.
Vocês vão me achar meio doida agora, mas tenho de dizer que preferi Katie Holmes (vulga Sra. Tom "doido-de-bala" Cruise) a Maggie Gyllenhaal como Rachel Dawes. Achei Katie mais envolvida (sem contar que Maggie aparenta ser mais velha que Katie e a própria Rachel). Mas isso não compromete muito.
Sim, o filme é do Coringa. E não dá pra dizer que é jogada de marketing porque o cara morreu e editaram o filme para que ele aparecesse mais (ou menos) porque, quem já conhece o Morcegão dos gibis, já sabe que ele e Coringa têm uma relação profunda por questões que este filme em questã explica. Então, mérito mesmo do falecido Heath Ledger, que me perdôem os mais sensíveis, mas o cara deve ter ficado mesmo piradaço: o Coringa é um personagem insano, cruel e sádico, além de abusar do sarcasmo (vide o "truque de sumiço do lápis"). E ele encarnou isso à perfeição.
Mas, um bom vilão só é um bom vilão quando tem um bom mocinho para combater. E vice-versa. Christian Bale e Heath Ledger mostram um entrosamento incrível; uma pena imensa que Heath não tenha sobrevivido ao Coringa (é um risco que atores muito bons com personagens idem correm; não pensem que é bolinho atuar; é exaustivo, pra dizer o mínimo, se passar por outra pessoa; imaginem uma pessoa isana como Coringa; ou atormentada como Batman).
Aaron Eckhart é outro que se já não tivesse abocanhado Duas Caras poderia concorrer à vaga do Coringa: está impecável. Gosto dele desde "Erin Brockovich", e desde então não vi nenhum filme com ele que eu não tenha gostado.
Filmaço, mas atenção: não é porque é um filme baseado em gibi que seja filme pra criança.
Primeiro: que só de ver o Coringa, nós, gente grande, já ficamos com medo, imagina uma crionça!
Depois, que o filme já começa com gente sendo espancada e metralhada: vê lá se isso é filme pra criança ver (e criança eu digo até 12 anos, porque vi muitas mães-tios-tias com crianças menores de 10 anos entrando na sessão! Erro primeiro dos responsáveis pelas crianças e também da administração do cinema. Vamos prestar atenção, galera.)