A menina que roubava livros (The book thief), de Markus Zusak, 2006: livro 'da moda' que merece todo o furor que causa. Excelente para quem curte HQ's e História (com maiúscula mesmo), e pra quem gosta de ler um mesmo livro várias vezes (eu!).
O bonitão Markus Zusak conseguiu uma proeza deliciosa: misturar prosa e poesia nas medidas exatas, sem ser piegas ou artificialmente dramático; pelo contrário, o drama está lá, mas acima de tudo está a ironia, o sarcasmo que uma situação tão horrível quanto uma guerra pode ter aos olhos da Morte. E fazer dela a narradora no livro, é uma sacada de mestre, dotando-lhe de inusitada simpatia (!) com o público leitor. Dar o (co)protagonismo para uma criança também não é nada fácil, mas Zusak mais uma vez conseguiu dar profundidade e realismo nos atos de Liesel, na formação de sua personalidade, tocada e modificada pelos pais e pelos amigos e vizinhos, colegas de guerra. Livro essencialmente palpável, as descrições orgânicas que a Morte faz das pessoas, das paisagens etc, são primorosas (e cabe aqui um parabéns para a tradução de Vera Ribeiro que captou certinho o texto original), e por mais estranho que possa ser escrever e/ou ler isto, livro divertido; não é o fato de ser localizado numa guerra (das piores, se é que dá para classificar isso) que elimina os fatos engraçados e espontâneos que uma criança-quase-adolescente vive. Apesar disso, chorei baldes; há passagens que o coração aperta de tão realistas que ficaram descritas, como quando o pai de Liesel quebra todas as regras e oferece um pão a um judeu, ou quando ela passa por situação quase idêntica e claro, sobre os acontecimentos finais, a sanfona e tal... Recomendadíssimo.
Marley & eu: a vida e o amor ao lado do pior cão do mundo (Marley & me), John Grogan, 2005: Procuro desviar de livros que são vendidos como água, muito mais àqueles que ‘exploram’ animais para vender (ou como acontece em filmes, quando um animal é usado para que o público se apegue e depois o animal morre a gente chora lictros, como em “King Kong”, por exemplo), mas a este eu não pude resistir. Ainda bem. A narrativa de John Grogan, escolado e calejado repórter de jornalecos e jornalões, rs, é deliciosa, simples, sem firula nem malabarismos para mostrar quão grande escritor ele é. Sincero e honesto, características dificílimas de se encontrar em escritores (contemporâneos ou não). Ri muito, porque nem de longe conheço cão tão estabanado, mas sim que no livro dá pra se reconhecer características isoladas em vários cães que já tive, ou amigos e parentes já tiveram (aí fico imaginando todos eles juntos num cão só... Nossa!). Ri muitão mesmo. Mas pra variar e compensar, chorei de baldada, por todas as demonstrações de afeto não só de John e família por Marley como de Marley por eles (e quem tem cães sabe como eles são extremamente eficientes em ser afetuosos e carinhosos) apesar ou por causa de tudo que ele foi, fez e representou na vida daquela família. Como o próprio autor brinca, as vendas volumosas do livro são como um pagamento póstumo a todo prejuízo que Marley causou pra ele e um reconhecimento a tudo que ele representou e representa na vida dele. Agora é esperar pelo filme, já sendo rodado.
Em seu lugar (In her shoes), Jennifer Weiner, 2002: Na ordem inversa, vi o filme antes de ler o livro, a contragosto porque não gosto de Cameron Diaz (acho que todos a superestimam, quando ela não consegue sair do papel de Mary-pantera nem ser tão bonita quanto dizem, mas isso é papo pra outro bost) mas adoro Toni Collette (que acho todo o contrário, competentíssima e carismática), aí vi o filme. E fiquei boba: além de uma adaptação sensível a um tema que facilmente cairia no piegas e chinfrim, típico para filme de tv, o elenco coube certinho e o roteiro ficou magnífico. Aí fui ler o livro (grazie, Shuca!) e nenhuma das atrizes (nem dos atores, que são poucos mas marcantes) poderia ser outra; todas afinadas e plausíveis com o livro (diga-se de passagem, adaptado praticamente ao pé da letra; trabalho magistral quando se trata de um tema cotidiano e comum). Livro e filme tratam de uma relação tão deliciosa quanto delicada, a de irmãs (sorry, mas irmã-irmão não vale, é irmã-irmã mesmo, tem diferença sim). Relato sobre como irmãs se amam e se odeiam, se conhecem do avesso, podem ser capazes de se magoar e, acima de qualquer coisa, se perdoar e se amar mais ainda. Costurando tudo isso com narrativa simples e usual, Jennifer Weiner se aproveita da expressão em inglês “in her shoes” para explorar tanto o sentido que tem (a tradução do título é fiel) quanto a paixão que (quase?) todas mulheres temos por sapatos.
O bonitão Markus Zusak conseguiu uma proeza deliciosa: misturar prosa e poesia nas medidas exatas, sem ser piegas ou artificialmente dramático; pelo contrário, o drama está lá, mas acima de tudo está a ironia, o sarcasmo que uma situação tão horrível quanto uma guerra pode ter aos olhos da Morte. E fazer dela a narradora no livro, é uma sacada de mestre, dotando-lhe de inusitada simpatia (!) com o público leitor. Dar o (co)protagonismo para uma criança também não é nada fácil, mas Zusak mais uma vez conseguiu dar profundidade e realismo nos atos de Liesel, na formação de sua personalidade, tocada e modificada pelos pais e pelos amigos e vizinhos, colegas de guerra. Livro essencialmente palpável, as descrições orgânicas que a Morte faz das pessoas, das paisagens etc, são primorosas (e cabe aqui um parabéns para a tradução de Vera Ribeiro que captou certinho o texto original), e por mais estranho que possa ser escrever e/ou ler isto, livro divertido; não é o fato de ser localizado numa guerra (das piores, se é que dá para classificar isso) que elimina os fatos engraçados e espontâneos que uma criança-quase-adolescente vive. Apesar disso, chorei baldes; há passagens que o coração aperta de tão realistas que ficaram descritas, como quando o pai de Liesel quebra todas as regras e oferece um pão a um judeu, ou quando ela passa por situação quase idêntica e claro, sobre os acontecimentos finais, a sanfona e tal... Recomendadíssimo.
Marley & eu: a vida e o amor ao lado do pior cão do mundo (Marley & me), John Grogan, 2005: Procuro desviar de livros que são vendidos como água, muito mais àqueles que ‘exploram’ animais para vender (ou como acontece em filmes, quando um animal é usado para que o público se apegue e depois o animal morre a gente chora lictros, como em “King Kong”, por exemplo), mas a este eu não pude resistir. Ainda bem. A narrativa de John Grogan, escolado e calejado repórter de jornalecos e jornalões, rs, é deliciosa, simples, sem firula nem malabarismos para mostrar quão grande escritor ele é. Sincero e honesto, características dificílimas de se encontrar em escritores (contemporâneos ou não). Ri muito, porque nem de longe conheço cão tão estabanado, mas sim que no livro dá pra se reconhecer características isoladas em vários cães que já tive, ou amigos e parentes já tiveram (aí fico imaginando todos eles juntos num cão só... Nossa!). Ri muitão mesmo. Mas pra variar e compensar, chorei de baldada, por todas as demonstrações de afeto não só de John e família por Marley como de Marley por eles (e quem tem cães sabe como eles são extremamente eficientes em ser afetuosos e carinhosos) apesar ou por causa de tudo que ele foi, fez e representou na vida daquela família. Como o próprio autor brinca, as vendas volumosas do livro são como um pagamento póstumo a todo prejuízo que Marley causou pra ele e um reconhecimento a tudo que ele representou e representa na vida dele. Agora é esperar pelo filme, já sendo rodado.
Em seu lugar (In her shoes), Jennifer Weiner, 2002: Na ordem inversa, vi o filme antes de ler o livro, a contragosto porque não gosto de Cameron Diaz (acho que todos a superestimam, quando ela não consegue sair do papel de Mary-pantera nem ser tão bonita quanto dizem, mas isso é papo pra outro bost) mas adoro Toni Collette (que acho todo o contrário, competentíssima e carismática), aí vi o filme. E fiquei boba: além de uma adaptação sensível a um tema que facilmente cairia no piegas e chinfrim, típico para filme de tv, o elenco coube certinho e o roteiro ficou magnífico. Aí fui ler o livro (grazie, Shuca!) e nenhuma das atrizes (nem dos atores, que são poucos mas marcantes) poderia ser outra; todas afinadas e plausíveis com o livro (diga-se de passagem, adaptado praticamente ao pé da letra; trabalho magistral quando se trata de um tema cotidiano e comum). Livro e filme tratam de uma relação tão deliciosa quanto delicada, a de irmãs (sorry, mas irmã-irmão não vale, é irmã-irmã mesmo, tem diferença sim). Relato sobre como irmãs se amam e se odeiam, se conhecem do avesso, podem ser capazes de se magoar e, acima de qualquer coisa, se perdoar e se amar mais ainda. Costurando tudo isso com narrativa simples e usual, Jennifer Weiner se aproveita da expressão em inglês “in her shoes” para explorar tanto o sentido que tem (a tradução do título é fiel) quanto a paixão que (quase?) todas mulheres temos por sapatos.
8 comentários:
Post grande que me prendeu do início ao fim. Adoro resenhas e indicações.
Já tô namorando "A menina que roubava livros" faz é tempo, mas preferi ainda não comprar porque eu tô sem tempo mesmo.
As dicas já estão anotadíssimas. :)
Já li os 2 primeiros, e agora aproveito a dica pra ir pro 3o (querendo ver o filme primeiro, pq sempre que faço o contrário eu fico grandemente frustrada...)
;*
Sempre passo pelo "Marley e eu" e fico em dúvida sobre levá-lo para casa ou não. Tenho tantas histórias junto aos animais de estimação! São seres especiais!
Obrigada pelas indicações, Carol!
Abraços!
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Oi Carol,
Poxa legal voce ter falado sobre o livro, "A menina que roubava livros" eu prefiro comprar livros que por recomendação, mesmo que depois eu digo que odiei, rs rs
Qto ao filme eu já vi varios trechos, mas nunca inteiro, mas pretendo ver um dia.
Bj grande pra vc e um ótimo findi.
Elis Rosa
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Carol, q delicia seus resumos e dicas!!! Ja li os 3 livros e tb me apaixonei por eles!!! O Marley eh lindo, fofo!!! O da menina eh excelente e o das irmas explica mta coisa e descreve outras tantas q ja vivi com minha sis!!! hehehe
Adorei!!
Beijos, Dani
Carol, como sempre com um post matador! Muito bom mesmo!
Ainda não terminei de ler "a roubadora", mas estou amando. Desde quando comecei a ler, me pego imaginando se foi o autor mesmo que quis dizer determinada palavra ou se foi a tradutora que soube tão bem expressar determinada passagem do livro. Sem dúvida, fantástica.
Marley está na minha lista e o outro agora vai pra lista também.
Bjs,
Rê
Me lembro que assisti ao filme em função da dica que nos deste, certa vez, Carolita, e gostei bastante!!!
Quanto aos dois primeiros, ainda não li. Aliás, minhas leituras têm andado na maior lerdeza, ultimamente.
Bjs!
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