Trailer. Da temporada 4 de Lost. Estou quicando e vou arder no mármore do inferno porque nem a 3 eu vi (mas já li tu-da, já sei tu-da que acontece; sim, inclusive Kate e Jack... então; mas é diferente ver né?). Ai.
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Feliz natal pra todos hein. Como Ggeleca já disse ontem, não adianta blá blá blá nenhum, só espero que todos tenham em mente e no coração agradecer a Deus por Jesus ter estado entre nós (para os que crêem, craro), e pela união que o Natal pode proporcionar. Por mim, isso se faz (e faço, não sou hipócrita) o ano todo, o tempo todo, mais de uma vez por dia, não carece de chegar o Natal para dar desculpa de se reunir, de demonstrar carinho ou dar graças a Deus. Enfim, fica um texto que nem de longe é meu, de tão bão, sobre tudo o que o Natal provoca nas pessoas, ao meu ver e ao ver da autora.
Fartura pra todos e ótimo Natal (apesar dos pesares e blá blá blá).
Quero declarar publicamente que estou sem-saco. Não o saco orgânico, aquele que se convencionou chamar 'saco': o saco enquanto idéia de capacidade de lidar com a situação. Abomino natal. No natal, fica tudo verde-e-vermelho, faz um calor do cão e o boneco do senhor idoso está por tudo, usando peles e gorros e lãs e barba. As lojas enchem, os shoppings enchem, as ruas enchem, o trânsito enche, tudo enche e quase transborda - e tudo no calorão abafado varzeano dessa cidade aqui. Fica um monte de gente se empurrando e se olhando com cara feia, pensando que tem que comprar o presente para milhões de milhares de pessoas, inclusive para a desgraçada da fulana irmã do primo da ex-namorada porque, afinal, é natal. E dê-lhe gastar o décimo-terceiro, o cheque especial, o limite do cartão de crédito, em nome da aquisição de presentes (na maior parte das vezes inúteis) que damos para pessoas para quem, a bem da verdade, queríamos dar um grandecíssimo e glorioso *F@DA-SE* em letras garrafais. As criancinhas gritam e correm e choram ALTO, contagiadas pela angústia do calorento climão natalino. As crianças mais velhinhas pedem mundos de pilhas de coisas para a mamãe, para o papai (às vezes pedem para ambos, dizendo 'ah, se você não me der, vou pedir para a mamãe/o papai', aproveitando que a família, hoje em dia, compõe-se de filhos + pais divorciados, que não raras vezes usam o poder aquisitivo para arrebanhar o filho, demonstrando para o ex-cônjuge que "eu-sou-legal-você-não-é-e-ele/ela-gosta-mais-de-MIM!"), as mamães e os papais já premidos pelo fenômeno na multiplicação exponencial do trabalho no final de ano ficam ainda mais aflitos e berram, aí as crianças choram, e é tudo uma enorme babel de ruído desagradável e ALTO, num calor desagradável e úmido, no meio de um monte de gente desagradável e mal-humorada. Abomino fim-de-ano. Não porque o ano chegou ao fim, pois não vejo o decurso do tempo como anos que começam, transcorrem e acabam: o tempo é uma coisa só e foram as pessoas que julgaram conveniente criar uma divisão ficta para o indivisível. Essa divisão foi feita principalmente para que as pessoas possam acreditar em um 'amanhã', que é algo que não existe. O tempo é como um tricô que se faz à medida que o vivemos - e que se desmancha à medida que passamos por ele. Não há como chegar ao 'amanhã', porque 'amanhã' não é um lugar de onde você entra-e-sai, como a casa da mãe joana. O 'amanhã' é uma idéia, uma expectativa, que pode perfeitamente não se realizar. Assim como o 'ontem' é algo que já deixou de ser (às vezes, há muito tempo), e nós é que ficamos pensando nele e falando dele na tentativa de trazer para o 'agora' (esse sim, existe) coisas que não existem mais. Mas tergiverso. Voltemos. As pessoas ficam malucas porque o que se convencionou chamar ano está chegando ao que se convencionou chamar o seu fim, e aí querem fazer em um único período de tempo tudo o que não fizeram em outros onze períodos idênticos. Que é para entrar no novo ano sem pendências e poder fazer novas resoluções de ano-novo. Que igualmente não serão cumpridas e levarão o auto-compromissado à loucura quando chegar o último período do so-called 'ano'. (Veja, não estou me revoltando contra a contagem de tempo. É necessário contar o tempo porque se convencionou que seria feito assim. Penso, porém, que a contagem do tempo pode perfeitamente ser uma coisa técnica, que não interfira de modo tão pouco coerente na nossa subjetividade. Há uma diferença entre assumir que hoje é o dia 27 de novembro de 2007 e ficar completamente transtornada porque o 'ano' chegou ao 'fim' e não fiz tudo o que queria.)Manifesto, portanto, total estado sem-saco. Estou sem-saco para fazer maratonas presentíferas. Sem-saco para ficar pululando em lojas entupidas de gente na tentativa de comprar coisas para a casa, coisas para a ceia e lembrancinhas generalizadas. Sem-saco para pessoas que ficam batendo na porta da casa e pedindo o natal das crianças pobres, o natal dos lixeiros, o natal dos garis, o natal de quem quer que seja. Sem-saco para mandar cartões de 'feliz natal e próspero ano novo'. Sem-saco para as musiquinhas natalinas que tocam insistentemente em tudo que é lugar. Sem-saco para decorações com luzinhas, quer pisquem ou não. Sem-saco para ficar soterrada de tarefas porque o período chamado 'ano' chegou ao que se resolveu chamar 'seu fim'. Sem-saco para arrumar a casa porque 'é fim de ano'. Sem-saco para, em suma, realizar em tempo recorde o que devo fazer e não fiz até agora por muito boas e justificadas razões que só a mim dizem respeito. Não, eu não sou uma pessoa legal. Mas isso vocês já deveriam estar sabendo.